Sobre o Programa
Uma Vitória Leva à Outra

Conheça o programa-conjunto da ONU Mulheres e do Comitê Olímpico Internacional que está mudando a vida de centenas de meninas no município do Rio de Janeiro

Uma Vitória Leva à Outra – meninas empoderadas pelo esporte, um programa-conjunto entre ONU Mulheres e o Comitê Olímpico Internacional, em parceria com as ONGs Women Win e Empodera, está em sua segunda fase de implementação e, até 2020, terá beneficiado diretamente quase 2 mil meninas adolescentes, de 10 a 18 anos.

Seu principal objetivo é utilizar o esporte como uma ferramenta para a promoção da igualdade de gênero, o empoderamento de meninas e mulheres e a eliminação da violência contra elas. Veja em detalhes como o programa funciona.

Qual é a metodologia utilizada pelo programa?
O programa é inspirado na metodologia GOAL, desenvolvida pela Women Win, e adaptada ao contexto brasileiro pela Empodera. Baseado em dois pilares – acesso à prática esportiva e desenvolvimento de habilidades para a vida –, o programa tem como principal ferramenta metodológica um currículo composto por 40 sessões de aproximadamente 2 horas.

Na primeira hora, as meninas adolescentes praticam uma modalidade esportiva regular específica (futebol, rúgbi, badminton, handebol etc.). Conduzida por uma professora de educação física treinada na metodologia do programa, a prática esportiva é sempre introduzida ou finalizada com algumas atividades físicas lúdicas que preparam as meninas para as discussões e reflexões que serão aprofundadas nas oficinas de habilidades para a vida.

Durante as oficinas, que ocorrem logo após o treino esportivo, o mesmo grupo de meninas adolescentes é acompanhado por uma facilitadora e participa de diversos tipos de dinâmicas – rodas de conversa, teatro, exibição de vídeos, produção de cartazes, discussão de artigos jornalísticos, brincadeiras etc. – que trabalham os seguintes temas:

- Autoestima e desenvolvimento de liderança;
- Saúde e direitos sexuais e reprodutivos;
- Eliminação da violência contra mulheres e meninas;
- Habilidades financeiras e planejamento do futuro.
Qual é a duração do programa?
O programa completo tem a duração de aproximadamente 9 meses. O ideal é que ele ocorra durante o calendário escolar, uma vez por semana, no período de contra turno, pois isso aumenta as chances de as meninas permanecerem no programa até o final.
Onde o programa acontece?
Em sua segunda fase, o programa é implementado em nove organizações da sociedade civil que foram devidamente treinadas na metodologia do programa e rigorosamente selecionadas para desempenhar esse papel.

São elas:

Instituto Promundo
Modalidades esportivas: futebol, vôlei, handebol
Local: Morro dos Prazeres (Santa Teresa)

Associação MIRATUS de Badminton
Modalidade esportiva: badminton
Locais: Jacarepaguá e Favela da Chacrinha (Praça Seca)

Centro Social para Trabalhos Comunitários
Modalidade esportiva: vôlei
Local: Pedra de Guaratiba

Fundação Angelica Goulart
Modalidades esportivas: futebol, vôlei e dança
Local: Pedra de Guaratiba

Associação Integrada de Cultura, Esporte & Lazer
Modalidade esportiva: ginástica rítmica
Local: Complexo do Alemão (Ramos)

ICA – Instituto Companheiros das Américas
Modalidade esportiva: futebol
Local: Cidade de Deus

Federação Fluminense de Rugby Union
Modalidade esportiva: rúgbi
Local: Manguinhos

Rio Rugby Futebol Clube
Modalidade esportiva: rúgbi
Locais: Ipanema e Rocinha

União Esportiva Vila Olímpica da Maré
Modalidade esportiva: handebol
Local: Complexo da Maré
Qual é o apoio recebido pelas organizações para a implementação do programa?
As organizações selecionadas recebem apoio financeiro e técnico para implementar o programa. Os recursos financeiros são repassados às instituições via Fundo Elas, que também apoia as organizações na gestão e na prestação de contas. Já a Empodera, é responsável por acompanhar as profissionais da instituição que realizam tanto a prática esportiva quanto as oficinas de habilidades para a vida e oferecer-lhes uma formação continuada, durante todo o período de implementação, assegurando tanto a qualidade do programa desenvolvido com as meninas quanto a transferência de conhecimentos às profissionais e às instituições e, portanto, a sustentabilidade do programa a longo prazo.
Quais são os critérios para a seleção das organizações implementadoras?
Anualmente, abre-se um edital para que as organizações já treinadas na metodologia do programa UVLO possam inscrever suas propostas de como implementá-lo em sua realidade local. As propostas são analisadas por um comitê de seleção independente, que avalia questões como a experiência prévia da instituição com o desenvolvimento de atividades com meninas adolescentes, o compromisso com a igualdade de gênero e o empoderamento de meninas e mulheres e a capacidade de gestão financeira.
Uma organização que já tenha participado da implementação do programa em um ano, pode voltar a se inscrever no edital?
Sim, as organizações são selecionadas anualmente. Nada impede que uma organização que já tenha implementado o programa se inscreva novamente no processo seletivo de um ano posterior. Do mesmo modo, não há garantias de que uma organização que implemente o programa em um determinado ano vá receber apoio financeiro e técnico outra vez. Tudo depende do desempenho da instituição no processo seletivo.
Como são selecionadas as organizações que participam do treinamento na metodologia do programa?
ONU Mulheres e Empodera estão atentas ao trabalho das organizações de base que utilizam o esporte educacional para o desenvolvimento humano e a mudança social e as convidam para participarem dos treinamentos que são realizados ao longo do ano. As organizações também podem entrar em contato com a equipe do programa UVLO e pedir para participar de futuros treinamentos.
Como são medidos os resultados do programa?
Antes de iniciarem a implementação do programa, organizações, profissionais e meninas adolescentes participantes respondem a um questionário, que serve para registrar as informações, conhecimentos, atitudes e comportamentos já presentes nesses grupos. Com base nesse diagnóstico, o programa é adaptado a cada realidade, podendo focar mais em um tema do que em outro, com o objetivo de suprir os principais déficits de cada grupo. Ao final da implementação, as mesmas organizações, profissionais e meninas respondem novamente ao questionário, constatando-se as mudanças ocorridas naquele período.

Além disso, ao final de cada sessão, as facilitadoras e professoras de educação física preenchem um diário de campo em que registram como as atividades foram desenvolvidas, qual foi a resposta do grupo, se houve algo positiva ou negativamente inesperado, o que funcionou bem e o que poderia ter sido melhor. Assim, juntamente com a Empodera, as profissionais reavaliam constantemente suas práticas e aprimoram cada vez mais a implementação do programa junto às meninas.
O que acontece com as meninas adolescentes depois que elas concluem as atividades do currículo do programa?
Todas as meninas ganham um certificado de participação no programa. Meninas que já concluíram o programa relatam que acrescentar essa experiência em seus currículos fez a diferença para que conquistassem seus primeiros empregos ou estágios.

As meninas que mais se destacam no programa em relação à qualidade de participação e demonstração de liderança são convidadas a participar de outras atividades, como os acampamentos de liderança e as oficinas de contação de histórias, em que elas têm a oportunidade de aprofundar ainda mais habilidades desenvolvidas durante o programa.
Por que o programa só trabalha com meninas adolescentes e não com meninos?
Muitas vezes, para garantir justiça, equilíbrio e igualdade, é preciso compensar as injustiças e desvantagens criadas pela sociedade ao longo do tempo em relação a um grupo específico. A história do esporte tem privilegiado os homens e os meninos em relação a acesso, infraestrutura, investimentos, salários, prêmios, visibilidade, ocupação de posições de liderança e tomadas de decisão. Portanto, será muito difícil alcançar a igualdade entre homens e mulheres no esporte se não forem tomadas medidas concretas para corrigir essa desigualdade e estimular não apenas o acesso, mas o pleno desenvolvimento de meninas e mulheres no ambiente esportivo.

Simplesmente incluir as meninas em um programa existente de meninos, sem considerar suas necessidades específicas, pode trazer mais prejuízos do que benefícios. O fato de as meninas não serem estimuladas a praticar esportes e a desenvolver suas habilidades técnicas desde cedo, como os meninos, pode levar a um desempenho inferior delas em relação a eles durante a prática esportiva e reforçar estereótipos e noções equivocadas de que as meninas não são tão boas quanto os meninos. Em espaços exclusivos para meninas, elas têm mais chances de desenvolverem suas habilidades no esporte livres de comparações e discriminações para, em um segundo momento, estarem mais fortalecidas para ocupar espaços mistos de igual para igual.

Além disso, tanto as meninas quanto os meninos precisam de seus próprios espaços, entre pares, para discutir assuntos delicados que possam surgir ou que façam parte do currículo, como direitos sexuais e reprodutivos ou violência de gênero, por exemplo, sem ter que lidar com julgamentos do grupo pertencente a outro gênero e que não tenha as mesmas vivências.
De que outras formas o programa atua junto ao público em geral e às instituições esportivas?
Além de fortalecer diretamente instituições que trabalham com esporte para o desenvolvimento humano e a mudança social, por meio de apoio técnico e financeiro, o programa disponibiliza seu currículo e uma série de ferramentas complementares gratuitamente para que outras instituições e profissionais tenham acesso à metodologia e possam aplicá-la em seus programas e projetos.

Atualmente, a ONU Mulheres também trabalha em parceria com o Comitê Olímpico do Brasil, no âmbito do programa, para aprofundar a perspectiva de gênero da instituição no desenvolvimento de suas políticas e programas, que servirão de referência para o trabalho de outros comitês olímpicos nacionais ao redor do mundo.

Além disso, o programa lidera a formação de uma Rede de Gênero e Esporte, composta por diversas organizações que irão construir estratégias, indicadores, ferramentas e um sistema de monitoramento comuns para a geração de impacto coletivo positivo em relação à promoção da igualdade de gênero no ambiente esportivo e a utilização do esporte como ferramenta para o empoderamento de meninas e mulheres.

Por fim, o programa também dissemina mensagens importantes e histórias de transformação, tanto de meninas adolescentes participantes do programa, quanto de mulheres atletas, junto à mídia e em eventos esportivos, tais como os Jogos Olímpicos da Juventude e os Jogos Escolares da Juventude, para sensibilizar os mais diversos públicos a se tornarem aliados na luta pela igualdade de gênero e o empoderamento de meninas e mulheres através do esporte.

A experiência bem-sucedida do programa no Rio de Janeiro também serviu de base para a sua expansão para Buenos Aires.
Como o programa começou?
O programa foi criado em 2015, a partir da assinatura de um memorando de entendimento entre a ONU Mulheres e o Comitê Olímpico Internacional e a parceria com a ONG Women Win, que trouxe a base metodológica do programa. Em sua primeira fase, o programa foi implementado em 20 Vilas Olímpicas da cidade do Rio de Janeiro, alcançou cerca de 800 meninas diretamente e se tornou um dos legados olímpicos dos Jogos Rio 2016.

Com o apoio da Loteria Sueca e da marca Always, da Procter&Gamble, o programa pode também oferecer acampamentos de liderança e oficinas de contação de histórias a cerca de 100 meninas e o treinamento de dezenas de instituições na metodologia Uma Vitória Leva à Outra.