São 5 da manhã quando o despertador toca na casa de Thaiza Vitória da Silva, em Anchieta, um bairro da zona norte do Rio de Janeiro. O sol ainda não nasceu, mas a jogadora de handebol de 15 anos já está de pé e se vestindo. Ela caminha até o ponto de ônibus com seu pai Marcos e sua irmã mais nova Thais Maria.
Quando o ônibus chega, as duas garotas se despedem do pai e começam uma viagem de uma hora até o Centro Educacional Santa Mônica, uma escola particular com forte tradição esportiva. As irmãs nem sempre estudaram lá. Thaiza começou sua educação formal em uma escola pública de baixa qualidade porque sua família não podia pagar uma educação particular.
Foi seu excelente desempenho como jogadora de handebol que lhe proporcionou uma bolsa de estudos esportiva para estudar no Santa Monica. Inspirada por Thaiza, sua irmã também joga handebol e foi premiada com uma bolsa de estudos para estudar no Santa Monica. Para manter a bolsa, Thaiza deve manter notas altas em outras matérias, além de ser uma boa atleta. Thaiza gosta de se esforçar. "Aprendi que ser uma líder não sobre mandar nas pessoas, mas ser capaz de se tornar um exemplo e ouvir os outros", diz ela.
Depois das aulas, Thaiza parte para a Vila Olímpica de Mato Alto, em Jacarepaguá, um bairro na zona oeste do Rio de Janeiro. É um dos 22 espaços públicos com instalações esportivas gratuitas gerenciados pelo município.
Das 15 às 17h, ela pratica handebol. Uma vez por semana, ela começa seu treino com uma hora de atraso para que possa se juntar a outras 20 atletas que participam das oficinas do "Uma vitória leva a outra". As oficinas fazem parte de um programa conjunto da ONU Mulheres e do Comitê Olímpico Internacional em parceria com a ONG Women Win.
As oficinas oferecem um espaço seguro para as meninas falarem sobre desigualdades de gênero, trabalharem sua auto-estima e suas habilidades de liderança, aprenderem sobre seus corpos e saúde, para obterem alfabetização financeira e conhecimento sobre como acessar serviços públicos em caso de violência de gênero.
Myriam Romi, uma das 50 facilitadoras do programa, diz que as oficinas ajudaram Thaiza, que costumava ser uma garota tímida e introspectiva, a se expressar com mais confiança e construir sua própria identidade.
Na quadra, Thaiza sempre foi determinada, focada e forte. Ela corre, pula, ri, grita, insiste na justiça dos árbitros e anima sua equipe para a vitória. Através do programa, ela agora está expandindo essa energia para outras áreas de sua vida.
Durante o revezamento da tocha para os Jogos Olímpicos Rio 2016, Thaiza tem um dever muito importante. Ela está empolgada por carregar a tocha representando as 400 garotas que participam do programa "Uma Vitória Leva à Outra". "Há um novo caminho de oportunidades que se abre na minha vida, em nossas vidas", diz ela.
Fotos: ONU Mulheres/Gustavo Stephan